Uma briga entre integrantes de facções criminosas na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, localizada em Nísia Floresta (região metropolitana de Natal), já deixou pelo menos três presos mortos neste sábado (14).
Imagens divulgadas pela polícia mostram três cabeças jogadas na área externa da unidade prisional. A Sejuc (Secretaria de Justiça e Cidadania) não confirmou o número de mortos e informou que o governo do Estado deve se pronunciar sobre a rebelião na manhã deste domingo (15).
"Deu para ver que eles [os presos] jogaram três cabeças para fora dos pavilhões, mas a polícia ainda não conseguiu entrar na unidade prisional", disse o coordenador de administração penitenciária do Rio Grande do Norte, Zemilton Silva.
Silva informou ainda que a área externa de Alcaçuz está controlada por Policiais Militares e agentes penitenciários, porém as forças de segurança estão tentando avançar para área interna do presídio a qualquer momento.
"Há muito barulho de gritos de brigas lá dentro e não se sabe a situação dos presos, se tem mais de três mortos ou feridos. Por enquanto, o Corpo de Bombeiros está aqui com ambulâncias para fazer o socorro, mas como ninguém consegue entrar não tem como saber se há mais mortos ou feridos", destacou.
Segundo a Polícia Militar, a confusão iniciou por volta das 16h30 (17h30 horário de Brasília), quando presos dos pavilhões 1 invadiram o pavilhão 5, chamado de Presídio Rogério Madruga Coutinho, para matar rivais. O BOPE (Batalhão de Operações Especiais) está no local tentando controlar a situação.
Alcaçuz é o maior presídio do Estado, com cerca de 1.200 presos, mas está superlotado. Sua capacidade é de 620 internos. A penitenciária custodia presos das facções criminosas Sindicato do Crime do RN e PCC (Primeiro Comando da Capital).
A presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN, Vilma Batista, disse que os presos são separados por facção criminosa em Alcaçuz e os integrantes do Sindicato do Crime do RN estão custodiados nos pavilhões 1, 2, 3 e 4. O pavilhão 5 é destinado aos integrantes do PCC.
"Não há nenhum agente penitenciário refém. Quem trabalha no pavilhão 5 conseguiu sair a tempo. O clima ainda é muito tenso porque a rebelião não foi controlada, os policiais e agentes estão entorno do muro para garantir que não haverá nenhuma fuga", destacou Batista.
A Sejuc informou que até às 22h (23h no horário de Brasília) a rebelião não havia sido controlada. O secretário de Justiça e Cidadania do Estado, Wallber Virgolino, está na unidade prisional acompanhando a ação do GOE (Grupo de Operações Especiais), do GEP (Grupo de Escolta Penal) e Polícia Militar para evitar fugas.
O Sindicato dos Policiais Civis do RN pediu para que os policiais fiquem em alerta para trabalhar contra uma suposta onda de ataques em Natal ordenada por presos. "Existem informações vindas de presídios dando conta de um salve geral dos presos no Rio Grande do Norte e em outros Estados. Inclusive, a penitenciária de Alcaçuz já está com os presos rebelados e outras unidades estão em tensão. Pedimos que os colegas fiquem com atenção redobrada, estando de serviço ou de folga", destacou o presidente do Sinpol, Paulo César de Macedo.
DISPAROS DE TIROS SÃO OUVIDOS DURANTE REBELIÃO NO RN
Crise
O sistema penitenciário do Rio Grande do Norte enfrenta uma crise na segurança desde o ano passado. O domínio de facções criminosas que agem dentro e fora das unidades prisionais do RN se intensificou desde o mês de março de 2015, quando os presos organizaram uma onda de rebeliões, depredaram as celas e ficaram soltos, todos misturados, nos pavilhões dos presídios do Estado.
Os 16 presídios que foram depredados continuam em obras inacabáveis por conta da constante depredação dos presos. O Estado já gastou R$ 7,3 milhões dos R$ 15 milhões orçados para recuperação das unidades prisionais. As reformas deveriam ser concluídas até outubro do ano passado.
Em agosto do ano passado, presos do PEP (Presídio Estadual de Parnamirim) se rebelaram e organizaram uma série de ataques criminosos em Natal e cidades do interior do Estado depois que tiveram o sinal de telefone celular bloqueado. As lideranças dos ataques são facção criminosa Sindicato do Crime do RN. A série de ataques incendiou 32 ônibus em todo o Estado.
Fonte:Uol.com
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