Sempre fui uma criança feliz e alegre. Cheio de arte e de criatividade. Um dia, sonhei que estava
brincando em frente a minha casa. Tinha um pé de eucaliptos e corri em direção a ele. Naquele
instante, apareceram duas crianças vestidas com um short azul e uma camisa branca. Elas estavam
escondidas atrás da árvore citada. Estranhei, pois essas crianças eram desconhecidas, nunca as tinha
visto. Começamos a brincar sem parar e lembro que, embora fossem crianças, tinham um semblante
diferente, assustador. Ao acordar do sonho, contei a minha mãe, que pediu que eu contasse a minha
vó. Após relatar todo sonho, minha vó falou que eu devia zelar a partir de então por uma imagem de
escultura.
A partir desse momento, passei a ter pesadelos constantes. Insônia, medo, síndrome do pânico começaram a nascer dentro de mim de forma desesperadora. Passei a ter crises depressivas e fi cava sem vontade de comer nada. Me perguntava: por quê? Achava que ia morrer, era uma tortura psicológica todos os dias e às vezes eram mais fortes. Como pode um deus que machuca seus servos? Desisti de cuidar daquela imagem por não ver resultado de nada. Sempre fui racional quanto a minha fé. Como posso crer em um deus que não fala comigo e que não cuida de mim? Fui até a casa da minha vó e devolvi a imagem a ela. Decidi que não prestaria culto àquelas imagens. Deus não divide sua gloria com ninguém. A idolatria, o culto a qualquer outro Deus é abominação ao Senhor.
No fundo do meu coração eu sabia que aquilo não agradava a Deus. E Deus tinha misericórdia da minha cegueira espiritual. Existe um Deus verdadeiro que é mais forte e mais poderoso do que tudo isso. “Que só a manifestação da sua presença os destroem e só o pronunciamento do seu nome é capaz de jogá-los ao chão, JESUS”, o único que deve ser adorado e exaltado em espirito e em verdade. Eles não me enganaram. Eu descobri a fé em Jesus Cristo e venci. Você também pode vencê-los. Olhe o que a bíblia nos diz no livro do Profeta Isaias capítulo 46 e versículos a seguir: A quem me assemelhareis, e com quem me igualareis, e me comparareis, para que sejamos semelhantes? 6 Gastam o ouro da bolsa, e pesam a prata nas balanças; assalariam o ourives, e ele faz um deus, e diante dele se
prostram e se inclinam. 7 Sobre os ombros o tomam, o levam, e o põem no seu lugar; ali fica em pé, do seu lugar não se move; e, se alguém clama a ele, resposta nenhuma dá, nem livra alguém da sua tribulação.
Lembrai-vos disto, e considerai; trazei-o à memória, ó prevaricadores. Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim.
Continuando a saga de cativeiro espiritual, aos 16 anos de idade comecei a apresentar um comportamento estranho. Passei a sofrer com mais frequência de insônia e de um pavor horrível.
Tinha medo de tudo. Bastava alguém falecer perto ou longe, até mesmo artistas na televisão, que passava a noite em claro. Achava que essas pessoas apareceriam ou estavam perto de mim. Hoje sei que quando morremos com Cristo, dormimos no Senhor à espera da eternidade para ressuscitarmos e vivermos com Cristo para sempre.
Eu olhava para as pessoas e via monstros no rosto delas. Uma vez, recebemos uma pessoa em nossa casa. Quando olhei para a pessoa, não reconheci. A voz dizia pra mim: “Aí não é ela”. O diabo sequestrou ela e veio em seu lugar. Eu saí correndo da sala gritando e minha mãe fi cou morta de vergonha e sem entender. Achava que era falta de educação minha. Ninguém compreendia o que acontecia comigo.
Quantas noites acordei todos da minha casa e vizinhos também aos gritos, porque eu olhava para pessoas na minha casa dormindo e via seus rostos desfi gurarem. Mãos enormes passavam pela janela
do meu quarto e eu gritava pedindo socorro. Glória a Jesus, por ele ter me libertado. Gente, foram tantas promessas, caixas de velas acessas, parecia um incendiário, pra todo tipo de santo e nada resolvia. Como eu sofria com tudo isso. Hoje eu sei que não preciso fazer promessas, nem acender velas, porque Jesus na cruz do calvário pagou o preço carregando em seu corpo nossas maldições.
Repreenda todo mal e deseje conhecer de verdade Jesus e a palavra de Deus e você verá como vale a pena servir a um Deus que não está morto na cruz, mas que vive e reina para todo sempre. Ele é nosso
libertador. E nosso único salvador.
Hoje vivemos pela graça, e não pela lei. E eu só descobri isso depois que o poder de Deus foi revelado ao meu coração através da sua palavra que nos purifica e nos liberta.
Comecei, por orientação médica, a tomar antidepressivos. Passei a dormir, a faltar às aulas e a me entristecer cada vez mais. Era tão jovem e dependente de antidepressivos para dormir.
Lembro-me que, ao ir consultar uma médica, relatei os meus problemas e ela orientou-me a tentar parar de usar os remédios, pois era jovem, cheio de vida e futuramente isso poderia agravar minha situação. Minha mãe com medo que eu viesse a tornar-me dependente, escondia os remédios, mas eu os achava e o engolia sem água, dormindo em seguida.
A audição das vozes malignas era constante e passei a fazer consultas com curandeiros locais, a frequentar centros espiritas e meu estado se agravando cada vez mais. Ouvi dizer que tinha mediunidade, que precisava desenvolver. O diabo se disfarça de anjo de luz para confundir os incautos.
Engraçado é que, quando eu frequentava igrejas evangélicas, sentia um alivio em meu coração, mas não prosseguia na caminhada com Jesus. O mundo e seus prazeres sufocavam a palavra em meu coração. No entanto, a semente ficou guardada em meu coração e, no momento certo, o Espirito Santo de Deus fez florescer. Ouvia vozes que surgiam na minha mente me aprisionando e dirigindo meus pensamentos e muitas ações esquizofrênicas em meu comportamento.
Tinha, também, mania de perseguição, sensação de alguém estar perto. A audição daquelas vozes começavam a atormentar-me todas as horas do dia, mas à noite era maior o terror. Ficava horas e horas sem pregar o olho, pois a voz não permitia que eu fechasse os meus olhos. Me fazia ver e ouvir cenas horríveis e assim uma tristeza, uma depressão acometia meu coração. A voz ordenava que eu, que já estava deitado, me levantasse e tocasse no guarda roupa, levantar e colocar todas as sandálias enfi leiradas no pé da cama, eu dormia com minhas irmãs, no centro, de tanto medo que vivenciava.
Mais uma vez eu me sentia num abismo profundo e descendo cada vez mais.Frequentei casas de curandeiros da minha cidade na tentativa de descobrir o que eu tinha. Pesadelos, insônias, angústia, desespero, depressão, síndrome do pânico eram acrescidos a minha mente. Engraçado que, sempre que eu frequentava uma igreja Batista local, pessoas oravam por mim, os hinos, os louvores, a palavra me tocava e saía dali melhor. Voltava a frequentar boates, festas e o vazio voltava a fazer morada em meu coração. Outro dia, frequentei um culto da Congregação Cristã na casa de uma vizinha, quando elas começaram a cantar um hino, senti uma paz em meu coração tão grande e comecei a cantar com eles. Deus já começava a trabalhar em mim. Após sair do culto, eu deixava as sementes serem sufocadas dentro do meu coração, mas um dia a primavera chegaria e ela iria florescer em mim.
Eu lembro que, quando via pessoas nas ruas, eu pensava: “Será que elas são felizes”? Perguntava aos meus colegas de classe se eles eram felizes, a fim de encontrar alguém que também fosse infeliz como eu para que aquilo me servisse de consolo. Isso tudo acontecia aqui na minha terra natal e prosseguiu quando cheguei a São Paulo. Parece que eu havia levado na bagagem tudo isso que vivia.
Eu imaginava que o lugar mudaria a minha vida. Engano. Quem muda as nossas vidas não é o lugar, mas Deus, o todo poderoso que se manifestou para desfazer todas as obras do Diabo. (1João 3.8).
Demônios que manifestam saem automaticamente ao usarmos o nome de Jesus.
Espíritos que atuam na mente por vezes não possuem o corpo, apenas a mente, por isso que, para vencê-los, precisamos de jejum e oração. O livro de Apocalipse, cap. 12.9 nos diz que foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada Diabo e Satanás, que engana todo o mundo, foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.
Não sei se você acredita na existência do diabo, mas, segundo a palavra de Deus, ele é real e existe sim. No Evangelho de João Capitulo 10. 10, a palavra nos diz que o ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.
O adversário não brinca, não. Ele existe e se esconde através de diversas facetas para confundir, enganar e seduzir as pessoas. Essas músicas malditas e sensuais têm ele como autor, que deturpam a criação de Deus e expõe a mulher e o homem como objeto sem valor.
Precisamos de libertação e esta é um processo que acontece quando conhecemos a palavra de Deus e passamos a viver por ela. “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:32). Não é apenas estar num culto todos os dias, levar a bíblia para todos os lugares, deixá-la aberta no salmo 91. Conhecer é tornar a palavra de Deus a bússola que conduzirá toda sua vida, ela é o nosso norte a seguir.
A verdadeira libertação acontece quando desejamos. Deus não fará aquilo que eu posso fazer. Ele já me deu condições pra isso. Deixar de fumar, beber, falar mal dos outros e outras coisas mais exige de nós uma atitude. Meu pai fumou por anos e, quando ele determinou e quis, deixou de fumar e não era evangélico.
Liberta-me! Deve ser o nosso clamor todos os dias, pois, estarmos na igreja, fazendo até mesmo a obra do Senhor, não é condição para nossa libertação. Para libertar-se, você precisará renunciar o seu “eu”, suas vontades, seus desejos, paixões. Vai doer, as lágrimas vão rolar, mas, lá na frente, há um novo caminho, uma nova história que Deus escreverá pra você.
Minha libertação iniciou com desejo de mudança. Segui em busca desse desejo. Ele foi o norte para minha caminhada com Cristo acontecer. Muitas vezes pensei, sim, em desistir, mas, quando temos um encontro verdadeiro com Deus, embora passemos por crises, não desistimos, pois maior é o Deus Emanuel que está conosco todos os dias.
Nessa minha caminhada de fé, cheguei a perceber que existiam coisas das quais eu precisava me libertar que não eram dardos do maligno em minha vida e sim coisas carnais. Pensamentos, sentimentos, desejos que sufocam os jardins da nossa emoção e, quando são reprimidos, queremos explodir em situações depressivas em nossas vidas.
Uma noite de oração, pedi ao Espirito de Deus, e ainda peço até hoje, que sonde os terrenos do meu coração, aquelas cavidades escuras que estão em nós e que ninguém conhece, só Ele. O Espirito de Deus é educado, manso. Ele jamais invadirá a sua vida sem a sua permissão. Quem sai arrombando as portas é o diabo.
O Espirito Santo é o nosso consolador, nosso intercessor, que cuida de nós. A partir de então, ele começou um processo em minha vida, fechando essas brechas, limpando tudo com seu bálsamo de amor e me orientando acerca das coisas espirituais.
Precisamos pensar nas coisas que são lá do alto. Ocupar a nossa mente com as coisas de Deus e assim satanás não achará brecha em nós.
Por João Matos
Livro Estações da Vida
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