Em Nova York, a petista pretende reforçar a tese de que o pedido de afastamento dela do cargo é um "golpe de Estado". Segundo assessores, ela não deixará de "denunciar" que a abertura do processo de impeachment foi aprovado sem haver um crime de responsabilidade caracterizado.
Ela pode inclusive incluir referências sobre o caso no discurso que fará na cerimônia de assinatura do Pacto de Paris, mas o assunto não será o tema central da fala da petista.
Um assessor presidencial disse àFolha que ela não fará um "discurso panfletário" na ONU, focando sua fala no tema da mudança climática, mas deve fazer citações "elegantes" e "sutis" a respeito do processo de impedimento que tramita contra ela no Congresso Nacional.
Segundo o auxiliar, ela "vai se posicionar" sobre a guerra do impeachment em falas à imprensa nacional e internacional, mas quer aproveitar o evento também para capitalizar o fato de o Brasil ter tido papel importante nas negociações sobre o acordo de Paris.
O discurso da presidente na ONU foi preparado pela assessoria internacional do Palácio do Planalto sem referências ao impeachment. Nele, Dilma vai dizer que o acordo de Paris "é só o começo" e "há uma longa caminhada pela frente" para implantá-lo.
A decisão de falar sobre o impeachment e em que tom será da própria Dilma, que terá cerca de cinco minutos para discursar na reunião.
Na equipe da petista, há um grupo que defende que ela inclua no discurso a palavra "golpe", em uma tentativa de dar mais visibilidade para o tema.
Há um outro grupo, porém, que avalia que, por se tratar de um evento internacional sobre mudanças climáticas, não caberia falar diretamente sobre o impeachment, mas fazer apenas referências e menções ao que estão acontecendo no Brasil.
CRÍTICAS
Ministro mais antigo do STF (Supremo Tribunal Federal), Celso de Mello rebateu nesta quarta (20) o discurso da presidente de que seu processo de impeachment em discussão no Congresso representa um golpe.
Segundo o ministro, a afirmação de Dilma representa um "grande equívoco" e trata-se de uma perspectiva eminentemente pessoal e faz parte de sua linha de defesa. Celso de Mello disse ainda que é "no mínimo estranho" a possibilidade da petista usar o discurso na ONU para repetir as críticas que tem feito ao processo.
Em entrevista a blogs de esquerda, na quarta, a petista afirmou que lutará "em todas as trincheiras" possíveis para impedir o impeachment de seu mandato no Senado.
"Lutarei em todas as trincheiras que eu puder para derrotar esse golpe, onde for necessário eu vou", disse.
Com Dilma nos Estados Unidos, o vice-presidente Michel Temer assumirá a Presidência da República até que a petista volte, na manhã de sábado (23). Ele decidiu, no entanto,permanecer em São Paulo, onde está desde o início da semana. Temer só deve retornar a Brasília na próxima segunda (25).
Fonte:UOL.com
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