sexta-feira, abril 22, 2016

LIVRO ESTAÇÕES DA VIDA,CAPÍTULO : LIBERTA-ME

LIBERTA-ME 

Às vezes me pego preso a sentimentos avessos Os quais querem cercar-me em laços de angústias Cordéis me cercam entre abismos Penso em desistir De repente minha alma floresce E com um clamor nos lábios Posso sentir as algemas caindo Meus pés desatam E como escamas vejo cair Medos, angústias, incredulidade. Capas que se rasgam ante o toque Das tuas mãos em mim E descubro que ao som da adoração O véu se rasga outra vez E te sinto mais perto de mim, Senhor.
 E com coração quebrantado, Me refaço, me liberto, corro a Ti. E nas asas da adoração Voo livre em tua direção Só então brilha em mim o Sol da justiça E me faz livre outra vez.

Sempre fui uma criança feliz e alegre. Cheio de arte e de criatividade. Um dia, sonhei que estava brincando em frente a minha casa. Tinha um pé de eucaliptos e corri em direção a ele. Naquele instante, apareceram duas crianças vestidas com um short azul e uma camisa branca. Elas estavam escondidas atrás da árvore citada.
 Estranhei, pois essas crianças eram desconhecidas, nunca as tinha visto.

 Começamos a brincar sem parar e lembro que, embora fossem crianças, tinham um semblante diferente, assustador. Ao acordar do sonho, contei a minha mãe, que pediu que eu contasse a minha vó. Após relatar todo sonho, minha vó falou que eu devia zelar a partir de então por uma imagem de escultura. A partir desse momento, passei a ter pesadelos constantes. Insônia, medo, síndrome do pânico começaram a nascer dentro de mim de forma desesperadora. Passei a ter crises depressivas e fi cava sem vontade de comer nada. Me perguntava: por quê? Achava que ia morrer, era uma tortura psicológica todos os dias e às vezes eram mais fortes. Como pode um deus que machuca seus servos? Desisti de cuidar daquela imagem por não ver resultado de nada. 

Sempre fui racional quanto a minha fé. Como posso crer em um deus que não fala comigo e que não cuida de mim? 50 Estações da Vida Fui até a casa da minha vó e devolvi a imagem a ela. Decidi que não prestaria culto àquelas imagens. Deus não divide sua gloria com ninguém. A idolatria, o culto a qualquer outro Deus é abominação ao Senhor. No fundo do meu coração eu sabia que aquilo não agradava a Deus. E Deus tinha misericórdia da minha cegueira espiritual. 

Existe um Deus verdadeiro que é mais forte e mais poderoso do que tudo isso. “Que só a manifestação da sua presença os destroem e só o pronunciamento do seu nome é capaz de jogá-los ao chão, JESUS”, o único que deve ser adorado e exaltado em espirito e em verdade. Eles não me enganaram. Eu descobri a fé em Jesus Cristo e venci. Você também pode vencê- los. Olhe o que a bíblia nos diz no livro do Profeta Isaias capítulo 46 e versículos a seguir: A quem me assemelhareis, e com quem me igualareis, e me comparareis, para que sejamos semelhantes?  Gastam o ouro da bolsa, e pesam a prata nas balanças; assalariam o ourives, e ele faz um deus, e diante dele se prostram e se inclinam. 7 Sobre os ombros o tomam, o levam, e o põem no seu lugar; ali fica em Estações da Vida 51 pé, do seu lugar não se move; e, se alguém clama a ele, resposta nenhuma dá, nem livra alguém da sua tribulação. Lembrai-vos disto, e considerai; trazei-o à memória, ó prevaricadores. Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Continuando a saga de cativeiro espiritual, aos 16 anos de idade comecei a apresentar um comportamento estranho. Passei a sofrer com mais frequência de insônia e de um pavor horrível. 

Tinha medo de tudo. Bastava alguém falecer perto ou longe, até mesmo artistas na televisão, que passava a noite em claro. Achava que essas pessoas apareceriam ou estavam perto de mim. Hoje sei que quando morremos com Cristo, dormimos no Senhor à espera da eternidade para ressuscitarmos e vivermos com Cristo para sempre. Eu olhava para as pessoas e via monstros no rosto delas. Uma vez, recebemos uma pessoa em nossa casa. Quando olhei para a pessoa, não reconheci. A voz dizia pra mim: “Aí não é ela”. O diabo sequestrou ela e veio em seu lugar. Eu saí correndo da sala gritando e minha mãe ficou morta de vergonha e sem entender. Achava que era falta de educação minha. Ninguém compreendia o que acontecia comigo. Quantas noites acordei todos da minha casa e vizinhos também aos gritos, porque eu olhava para pessoas na minha casa dormindo e via seus rostos desfigurarem. Mãos enormes passavam pela janela do meu quarto e eu gritava pedindo socorro. Glória a Jesus, por ele ter me libertado. Gente, foram tantas promessas, caixas de velas acessas, parecia um incendiário, pra todo tipo de santo e nada resolvia. Como eu sofria com tudo isso. Hoje eu sei que não preciso fazer promessas, nem acender velas, porque Jesus na cruz do calvário pagou o preço carregando em seu corpo nossas maldições.

 Repreenda todo mal e deseje conhecer de verdade Jesus e a palavra de Deus e você verá como vale a pena servir a um Deus que não está morto na cruz, mas que vive e reina para todo sempre. Ele é nosso libertador. E nosso único salvador. Hoje vivemos pela graça, e não pela lei. E eu só descobri isso depois que o poder de Deus foi revelado ao meu coração através da sua palavra que nos purifica e nos liberta. Às vezes, estava numa roda de conversa com amigos e ouvia uma voz dizer “Pare de conversar Estações da Vida 53 agora e se cale e não se mova, fi que estático, se não matarei alguém próximo”. Assim eu fazia. Lembro-me que minha irmã e minhas colegas conversavam comigo e diziam: -“Menino, você está fi cando louco”. Aquelas palavras entravam em meu coração e, de repente, eu saía dali cada vez pior. Comecei a adoecer e o engraçado é que tinha crises de desespero. Minha mãe e minha irmã Ruse me levavam ao hospital, paravam carros na rua e entrávamos. 

Quando eu chegava ao hospital, passavam todos os sintomas, quando saía, começava tudo de novo. Comecei, por orientação médica, a tomar antidepressivos. Passei a dormir, a faltar às aulas e a me entristecer cada vez mais. Era tão jovem e dependente de antidepressivos para dormir. Lembro-me que, ao ir consultar uma médica, relatei os meus problemas e ela orientou-me a tentar parar de usar os remédios, pois era jovem, cheio de vida e futuramente isso poderia agravar minha situação. 

Minha mãe com medo que eu viesse a tornar-me dependente, escondia os remédios, mas eu os achava e o engolia sem água, dormindo em seguida. A audição das vozes malignas era constante e passei a fazer consultas com curandeiros locais, a frequentar centros espiritas e meu estado se agravando cada vez mais. Ouvi dizer que tinha 54 Estações da Vida mediunidade, que precisava desenvolver. O diabo se disfarça de anjo de luz para confundir os incautos. Engraçado é que, quando eu frequentava igrejas evangélicas, sentia um alivio em meu coração, mas não prosseguia na caminhada com Jesus.

 O mundo e seus prazeres sufocavam a palavra em meu coração. No entanto, a semente ficou guardada em meu coração e, no momento certo, o Espirito Santo de Deus fez florescer. Ouvia vozes que surgiam na minha mente me aprisionando e dirigindo meus pensamentos e muitas ações esquizofrênicas em meu comportamento. Tinha, também, mania de perseguição, sensação de alguém estar perto. A audição daquelas vozes começavam a atormentar-me todas as horas do dia, mas à noite era maior o terror. Ficava horas e horas sem pregar o olho, pois a voz não permitia que eu fechasse os meus olhos. Me fazia ver e ouvir cenas horríveis e assim uma tristeza, uma depressão acometia meu coração. A voz ordenava que eu, que já estava deitado, me levantasse e tocasse no guarda roupa, levantar e colocar todas as sandálias enfileiradas no pé da cama, eu dormia com minhas irmãs, no centro, de tanto medo que vivenciava. Outro dia, estava no colégio, sentado com amigos e a voz ordenava que eu fi casse paralisado, sem conversar, sem falar nada, estático. 

Minhas amigas começavam a debochar de mim e a voz me dizia que eu estava enlouquecendo. Que terrível inferno vivia. Momentos de terror, de desespero e não podia desabafar e nem contar a ninguém, porque a voz era ameaçadora, se eu contasse a alguém tudo aquilo que eu ouvia, aconteceria algo ruim com alguém. Um dia, voltando do hospital com meu pai, e após receber o resultado dos exames de sangue, fezes e urina, comprovei, por meio deles, que eu não tinha nada de anormal. Meu pai então, lembro-me como se fosse hoje, me questionava, perguntando o que estava acontecendo, que eu precisava me abrir, desabafar com ele. Mas na hora a voz se tornava audível e não permitia que eu contasse. Mais uma vez eu me sentia num abismo profundo e descendo cada vez mais. Frequentei casas de curandeiros da minha cidade na tentativa de descobrir o que eu tinha. Pesadelos, insônias, angústia, desespero, depressão, síndrome do pânico eram acrescidos a minha mente. Engraçado que, sempre que eu frequentava uma igreja Batista local, pessoas oravam por mim, os hinos, os louvores, a palavra me tocava e saía dali melhor. Voltava a frequentar boates, festas e o vazio voltava a fazer morada em meu coração. 

Outro dia, frequentei um culto da Congregação Cristã na casa de uma vizinha, 56 Estações da Vida quando elas começaram a cantar um hino, senti uma paz em meu coração tão grande e comecei a cantar com eles. Deus já começava a trabalhar em mim. Após sair do culto, eu deixava as sementes serem sufocadas dentro do meu coração, mas um dia a primavera chegaria e ela iria florescer em mim. Fui convidado para um casamento na Igreja Adventista do Sétimo dia. 

Cheguei, sentei nos primeiros bancos à espera da noiva. Quando a marcha nupcial anunciou a chegada da noiva, olhei em volta da igreja e quando constatei que ela estava lotada de pessoas por todos os lados, senti meu coração acelerar e um nó na garganta me arremessou contra a porta. Levantei e saí correndo na direção da noiva. Todos ficaram assustados. Saí correndo em direção a minha casa, empurrei a porta e gritei: “Mãe, vou morrer!” Minha mãe já sabia das minhas crises e disse: “Vai não”. Me abraçou e disse que ninguém morria disso e que já ia passar. E passou. Precisamos do amor dos nossos pais e de sua atenção. 

Eu lembro que, quando via pessoas nas ruas, eu pensava: “Será que elas são felizes”? Perguntava aos meus colegas de classe se eles eram felizes, a fi m de encontrar alguém que também fosse infeliz como eu para que aquilo me servisse de consolo. Isso tudo acontecia aqui na minha terra natal e Estações da Vida 57 prosseguiu quando cheguei a São Paulo. Parece que eu havia levado na bagagem tudo isso que vivia. Eu imaginava que o lugar mudaria a minha vida. Engano. 

Quem muda as nossas vidas não é o lugar, mas Deus, o todo poderoso que se manifestou para desfazer todas as obras do Diabo. (1João 3.8). Demônios que manifestam saem automaticamente ao usarmos o nome de Jesus. Espíritos que atuam na mente por vezes não possuem o corpo, apenas a mente, por isso que, para vencê-los, precisamos de jejum e oração. O livro de Apocalipse, cap. 12.9 nos diz que foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada Diabo e Satanás, que engana todo o mundo, foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. Não sei se você acredita na existência do diabo, mas, segundo a palavra de Deus, ele é real e existe sim.

 No Evangelho de João Capitulo 10. 10, a palavra nos diz que o ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. O adversário não brinca, não. Ele existe e se esconde através de diversas facetas para confundir, enganar e seduzir as pessoas. Essas músicas malditas e sensuais têm ele como autor, que deturpam a criação de Deus e expõe a mulher e o homem como objeto sem valor. 

Precisamos de libertação e esta é um processo que acontece quando conhecemos a palavra de Deus e passamos a viver por ela. “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:32). Não é apenas estar num culto todos os dias, levar a bíblia para todos os lugares, deixá-la aberta no salmo 91. Conhecer é tornar a palavra de Deus a bússola que conduzirá toda sua vida, ela é o nosso norte a seguir. 

A verdadeira libertação acontece quando desejamos. Deus não fará aquilo que eu posso fazer. Ele já me deu condições pra isso. Deixar de fumar, beber, falar mal dos outros e outras coisas mais exige de nós uma atitude. Meu pai fumou por anos e, quando ele determinou e quis, deixou de fumar e não era evangélico. Liberta-me! Deve ser o nosso clamor todos os dias, pois, estarmos na igreja, fazendo até mesmo a obra do Senhor, não é condição para nossa libertação. Para libertar-se, você precisará renunciar o seu “eu”, suas vontades, seus desejos, paixões. Vai doer, as lágrimas vão rolar, mas, lá na frente, há um novo caminho, uma nova história que Deus escreverá pra você. Minha libertação iniciou com desejo de mudança. Segui em busca desse desejo. Ele foi o norte para minha caminhada com Cristo acontecer.

 Muitas vezes pensei, sim, em desistir, mas, quando temos um encontro verdadeiro com Deus, embora  passemos por crises, não desistimos, pois maior é o Deus Emanuel que está conosco todos os dias. Nessa minha caminhada de fé, cheguei a perceber que existiam coisas das quais eu precisava me libertar que não eram dardos do maligno em minha vida e sim coisas carnais. Pensamentos, sentimentos, desejos que sufocam os jardins da nossa emoção e, quando são reprimidos, queremos explodir em situações depressivas em nossas vidas. Uma noite de oração, pedi ao Espirito de Deus, e ainda peço até hoje, que sonde os terrenos do meu coração, aquelas cavidades escuras que estão em nós e que ninguém conhece, só Ele. 

O Espirito de Deus é educado, manso. Ele jamais invadirá a sua vida sem a sua permissão. Quem sai arrombando as portas é o diabo. O Espirito Santo é o nosso consolador, nosso intercessor, que cuida de nós. A partir de então, ele começou um processo em minha vida, fechando essas brechas, limpando tudo com seu bálsamo de amor e me orientando acerca das coisas espirituais. Precisamos pensar nas coisas que são lá do alto. Ocupar a nossa mente com as coisas de Deus e assim satanás não achará brecha em nós.
@Caldeirão do Povo

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