LIBERTA-ME
Às vezes me pego preso a sentimentos avessos
Os quais querem cercar-me em laços de angústias
Cordéis me cercam entre abismos
Penso em desistir
De repente minha alma floresce
E com um clamor nos lábios
Posso sentir as algemas caindo
Meus pés desatam
E como escamas vejo cair
Medos, angústias, incredulidade.
Capas que se rasgam ante o toque
Das tuas mãos em mim
E descubro que ao som da adoração
O véu se rasga outra vez
E te sinto mais perto de mim, Senhor.
E com coração quebrantado,
Me refaço, me liberto, corro a Ti.
E nas asas da adoração
Voo livre em tua direção
Só então brilha em mim o Sol da justiça
E me faz livre outra vez.
Sempre fui uma criança feliz e alegre. Cheio
de arte e de criatividade. Um dia, sonhei que estava
brincando em frente a minha casa. Tinha um pé
de eucaliptos e corri em direção a ele. Naquele
instante, apareceram duas crianças vestidas com
um short azul e uma camisa branca. Elas estavam
escondidas atrás da árvore citada.
Estranhei, pois
essas crianças eram desconhecidas, nunca as tinha
visto.
Começamos a brincar sem parar e lembro
que, embora fossem crianças, tinham um semblante
diferente, assustador. Ao acordar do sonho, contei
a minha mãe, que pediu que eu contasse a minha
vó. Após relatar todo sonho, minha vó falou que eu
devia zelar a partir de então por uma imagem de
escultura.
A partir desse momento, passei a ter
pesadelos constantes. Insônia, medo, síndrome do
pânico começaram a nascer dentro de mim de forma
desesperadora. Passei a ter crises depressivas e
fi cava sem vontade de comer nada. Me perguntava:
por quê? Achava que ia morrer, era uma tortura
psicológica todos os dias e às vezes eram mais
fortes. Como pode um deus que machuca seus
servos? Desisti de cuidar daquela imagem por não
ver resultado de nada.
Sempre fui racional quanto
a minha fé. Como posso crer em um deus que não
fala comigo e que não cuida de mim?
50 Estações da Vida
Fui até a casa da minha vó e devolvi a
imagem a ela. Decidi que não prestaria culto
àquelas imagens. Deus não divide sua gloria com
ninguém. A idolatria, o culto a qualquer outro Deus
é abominação ao Senhor.
No fundo do meu coração eu sabia que aquilo
não agradava a Deus. E Deus tinha misericórdia
da minha cegueira espiritual.
Existe um Deus
verdadeiro que é mais forte e mais poderoso do que
tudo isso. “Que só a manifestação da sua presença
os destroem e só o pronunciamento do seu nome
é capaz de jogá-los ao chão, JESUS”, o único que
deve ser adorado e exaltado em espirito e em
verdade. Eles não me enganaram. Eu descobri a fé
em Jesus Cristo e venci. Você também pode vencê-
los. Olhe o que a bíblia nos diz no livro do Profeta
Isaias capítulo 46 e versículos a seguir:
A quem me assemelhareis,
e com quem me igualareis, e me
comparareis, para que sejamos
semelhantes? Gastam o ouro
da bolsa, e pesam a prata nas
balanças; assalariam o ourives, e
ele faz um deus, e diante dele se
prostram e se inclinam. 7
Sobre
os ombros o tomam, o levam, e
o põem no seu lugar; ali fica em
Estações da Vida 51
pé, do seu lugar não se move; e,
se alguém clama a ele, resposta
nenhuma dá, nem livra alguém da
sua tribulação.
Lembrai-vos disto, e
considerai; trazei-o à memória, ó
prevaricadores.
Lembrai-vos das coisas
passadas desde a antiguidade;
que eu sou Deus, e não há outro
Deus, não há outro semelhante a
mim.
Continuando a saga de cativeiro espiritual,
aos 16 anos de idade comecei a apresentar um
comportamento estranho. Passei a sofrer com
mais frequência de insônia e de um pavor horrível.
Tinha medo de tudo. Bastava alguém falecer perto
ou longe, até mesmo artistas na televisão, que
passava a noite em claro. Achava que essas pessoas
apareceriam ou estavam perto de mim. Hoje sei
que quando morremos com Cristo, dormimos no
Senhor à espera da eternidade para ressuscitarmos
e vivermos com Cristo para sempre.
Eu olhava para as pessoas e via monstros
no rosto delas. Uma vez, recebemos uma pessoa
em nossa casa. Quando olhei para a pessoa, não
reconheci. A voz dizia pra mim: “Aí não é ela”. O diabo sequestrou ela e veio em seu lugar. Eu saí
correndo da sala gritando e minha mãe ficou morta
de vergonha e sem entender. Achava que era falta
de educação minha. Ninguém compreendia o que
acontecia comigo.
Quantas noites acordei todos da minha casa e
vizinhos também aos gritos, porque eu olhava para
pessoas na minha casa dormindo e via seus rostos
desfigurarem. Mãos enormes passavam pela janela
do meu quarto e eu gritava pedindo socorro. Glória
a Jesus, por ele ter me libertado. Gente, foram
tantas promessas, caixas de velas acessas, parecia
um incendiário, pra todo tipo de santo e nada
resolvia. Como eu sofria com tudo isso. Hoje eu
sei que não preciso fazer promessas, nem acender
velas, porque Jesus na cruz do calvário pagou o
preço carregando em seu corpo nossas maldições.
Repreenda todo mal e deseje conhecer de verdade
Jesus e a palavra de Deus e você verá como vale a
pena servir a um Deus que não está morto na cruz,
mas que vive e reina para todo sempre. Ele é nosso
libertador. E nosso único salvador.
Hoje vivemos pela graça, e não pela lei. E
eu só descobri isso depois que o poder de Deus foi
revelado ao meu coração através da sua palavra
que nos purifica e nos liberta.
Às vezes, estava numa roda de conversa com
amigos e ouvia uma voz dizer “Pare de conversar
Estações da Vida 53
agora e se cale e não se mova, fi que estático, se
não matarei alguém próximo”. Assim eu fazia.
Lembro-me que minha irmã e minhas colegas
conversavam comigo e diziam: -“Menino, você
está fi cando louco”. Aquelas palavras entravam
em meu coração e, de repente, eu saía dali cada
vez pior. Comecei a adoecer e o engraçado é que
tinha crises de desespero. Minha mãe e minha
irmã Ruse me levavam ao hospital, paravam
carros na rua e entrávamos.
Quando eu chegava
ao hospital, passavam todos os sintomas, quando
saía, começava tudo de novo.
Comecei, por orientação médica, a tomar
antidepressivos. Passei a dormir, a faltar às aulas
e a me entristecer cada vez mais. Era tão jovem
e dependente de antidepressivos para dormir.
Lembro-me que, ao ir consultar uma médica, relatei
os meus problemas e ela orientou-me a tentar
parar de usar os remédios, pois era jovem, cheio
de vida e futuramente isso poderia agravar minha
situação.
Minha mãe com medo que eu viesse a
tornar-me dependente, escondia os remédios, mas
eu os achava e o engolia sem água, dormindo em
seguida.
A audição das vozes malignas era constante
e passei a fazer consultas com curandeiros locais,
a frequentar centros espiritas e meu estado se
agravando cada vez mais. Ouvi dizer que tinha
54 Estações da Vida
mediunidade, que precisava desenvolver. O diabo se
disfarça de anjo de luz para confundir os incautos.
Engraçado é que, quando eu frequentava
igrejas evangélicas, sentia um alivio em meu
coração, mas não prosseguia na caminhada com
Jesus.
O mundo e seus prazeres sufocavam a
palavra em meu coração. No entanto, a semente
ficou guardada em meu coração e, no momento
certo, o Espirito Santo de Deus fez florescer.
Ouvia vozes que surgiam na minha mente me
aprisionando e dirigindo meus pensamentos e muitas
ações esquizofrênicas em meu comportamento.
Tinha, também, mania de perseguição, sensação
de alguém estar perto. A audição daquelas vozes
começavam a atormentar-me todas as horas do
dia, mas à noite era maior o terror. Ficava horas e
horas sem pregar o olho, pois a voz não permitia
que eu fechasse os meus olhos. Me fazia ver e
ouvir cenas horríveis e assim uma tristeza, uma
depressão acometia meu coração. A voz ordenava
que eu, que já estava deitado, me levantasse e
tocasse no guarda roupa, levantar e colocar todas
as sandálias enfileiradas no pé da cama, eu dormia
com minhas irmãs, no centro, de tanto medo que
vivenciava.
Outro dia, estava no colégio, sentado com
amigos e a voz ordenava que eu fi casse paralisado,
sem conversar, sem falar nada, estático.
Minhas amigas começavam a debochar de mim e a voz me
dizia que eu estava enlouquecendo. Que terrível
inferno vivia. Momentos de terror, de desespero
e não podia desabafar e nem contar a ninguém,
porque a voz era ameaçadora, se eu contasse a
alguém tudo aquilo que eu ouvia, aconteceria algo
ruim com alguém.
Um dia, voltando do hospital com meu pai, e
após receber o resultado dos exames de sangue,
fezes e urina, comprovei, por meio deles, que
eu não tinha nada de anormal. Meu pai então,
lembro-me como se fosse hoje, me questionava,
perguntando o que estava acontecendo, que eu
precisava me abrir, desabafar com ele. Mas na hora
a voz se tornava audível e não permitia que eu
contasse. Mais uma vez eu me sentia num abismo
profundo e descendo cada vez mais.
Frequentei casas de curandeiros da minha
cidade na tentativa de descobrir o que eu tinha.
Pesadelos, insônias, angústia, desespero,
depressão, síndrome do pânico eram acrescidos
a minha mente. Engraçado que, sempre que eu
frequentava uma igreja Batista local, pessoas
oravam por mim, os hinos, os louvores, a palavra
me tocava e saía dali melhor. Voltava a frequentar
boates, festas e o vazio voltava a fazer morada
em meu coração.
Outro dia, frequentei um culto
da Congregação Cristã na casa de uma vizinha,
56 Estações da Vida
quando elas começaram a cantar um hino, senti
uma paz em meu coração tão grande e comecei a
cantar com eles. Deus já começava a trabalhar em
mim. Após sair do culto, eu deixava as sementes
serem sufocadas dentro do meu coração, mas um
dia a primavera chegaria e ela iria florescer em
mim.
Fui convidado para um casamento na Igreja
Adventista do Sétimo dia.
Cheguei, sentei nos
primeiros bancos à espera da noiva. Quando a
marcha nupcial anunciou a chegada da noiva, olhei
em volta da igreja e quando constatei que ela
estava lotada de pessoas por todos os lados, senti
meu coração acelerar e um nó na garganta me
arremessou contra a porta. Levantei e saí correndo
na direção da noiva. Todos ficaram assustados.
Saí correndo em direção a minha casa, empurrei
a porta e gritei: “Mãe, vou morrer!” Minha mãe
já sabia das minhas crises e disse: “Vai não”. Me
abraçou e disse que ninguém morria disso e que
já ia passar. E passou. Precisamos do amor dos
nossos pais e de sua atenção.
Eu lembro que, quando via pessoas nas ruas,
eu pensava: “Será que elas são felizes”? Perguntava
aos meus colegas de classe se eles eram felizes, a
fi m de encontrar alguém que também fosse infeliz
como eu para que aquilo me servisse de consolo.
Isso tudo acontecia aqui na minha terra natal e
Estações da Vida 57
prosseguiu quando cheguei a São Paulo. Parece que
eu havia levado na bagagem tudo isso que vivia.
Eu imaginava que o lugar mudaria a minha vida.
Engano.
Quem muda as nossas vidas não é o lugar,
mas Deus, o todo poderoso que se manifestou para
desfazer todas as obras do Diabo. (1João 3.8).
Demônios que manifestam saem
automaticamente ao usarmos o nome de Jesus.
Espíritos que atuam na mente por vezes não
possuem o corpo, apenas a mente, por isso que,
para vencê-los, precisamos de jejum e oração.
O livro de Apocalipse, cap. 12.9 nos diz que
foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente,
chamada Diabo e Satanás, que engana todo o
mundo, foi precipitado na terra, e os seus anjos
foram lançados com ele.
Não sei se você acredita na existência do
diabo, mas, segundo a palavra de Deus, ele é real
e existe sim.
No Evangelho de João Capitulo 10.
10, a palavra nos diz que o ladrão não vem senão
a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que
tenham vida, e a tenham com abundância.
O adversário não brinca, não. Ele existe
e se esconde através de diversas facetas para
confundir, enganar e seduzir as pessoas. Essas
músicas malditas e sensuais têm ele como autor,
que deturpam a criação de Deus e expõe a mulher
e o homem como objeto sem valor.
Precisamos de libertação e esta é um processo
que acontece quando conhecemos a palavra de
Deus e passamos a viver por ela. “E conhecereis a
verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:32).
Não é apenas estar num culto todos os dias, levar
a bíblia para todos os lugares, deixá-la aberta no
salmo 91. Conhecer é tornar a palavra de Deus a
bússola que conduzirá toda sua vida, ela é o nosso
norte a seguir.
A verdadeira libertação acontece quando
desejamos. Deus não fará aquilo que eu posso
fazer. Ele já me deu condições pra isso. Deixar de
fumar, beber, falar mal dos outros e outras coisas
mais exige de nós uma atitude. Meu pai fumou por
anos e, quando ele determinou e quis, deixou de
fumar e não era evangélico.
Liberta-me! Deve ser o nosso clamor todos
os dias, pois, estarmos na igreja, fazendo até
mesmo a obra do Senhor, não é condição para
nossa libertação. Para libertar-se, você precisará
renunciar o seu “eu”, suas vontades, seus desejos,
paixões. Vai doer, as lágrimas vão rolar, mas, lá
na frente, há um novo caminho, uma nova história
que Deus escreverá pra você.
Minha libertação iniciou com desejo de
mudança. Segui em busca desse desejo. Ele foi o
norte para minha caminhada com Cristo acontecer.
Muitas vezes pensei, sim, em desistir, mas, quando
temos um encontro verdadeiro com Deus, embora passemos por crises, não desistimos, pois maior é
o Deus Emanuel que está conosco todos os dias.
Nessa minha caminhada de fé, cheguei a
perceber que existiam coisas das quais eu precisava
me libertar que não eram dardos do maligno em
minha vida e sim coisas carnais. Pensamentos,
sentimentos, desejos que sufocam os jardins da
nossa emoção e, quando são reprimidos, queremos
explodir em situações depressivas em nossas vidas.
Uma noite de oração, pedi ao Espirito de
Deus, e ainda peço até hoje, que sonde os terrenos
do meu coração, aquelas cavidades escuras que
estão em nós e que ninguém conhece, só Ele.
O
Espirito de Deus é educado, manso. Ele jamais
invadirá a sua vida sem a sua permissão. Quem sai
arrombando as portas é o diabo.
O Espirito Santo é o nosso consolador, nosso
intercessor, que cuida de nós. A partir de então, ele
começou um processo em minha vida, fechando
essas brechas, limpando tudo com seu bálsamo de
amor e me orientando acerca das coisas espirituais.
Precisamos pensar nas coisas que são lá do alto.
Ocupar a nossa mente com as coisas de Deus e
assim satanás não achará brecha em nós.
@Caldeirão do Povo
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