O universo lúdico está
incorporado à vida de todo ser humano. Afinal todo mundo gosta de brincar e de
brincadeiras. Na esteira de debates em seminários, conferências e nas
universidades, o lúdico vem ganhando relevo e importância como estratégia
metodológica para construção do conhecimento, porém dentro do âmbito escolar,
vai ganhando contornos diferentes.
A motivação em pesquisar o
tema recai, em parte, sobre o ensino mecânico e tecnicista presente no fazer
pedagógico de muitos professores, que oferecem aos seus alunos apenas conteúdos
e o brincar se restringe somente ao intervalo ou usado como atividade para
relaxar e por vezes, como jogo didático conteudista. O lúdico é muito mais que
isso. Para Santos (1999, p.111), “brincar é viver”.
Face a problemática, este
trabalho monográfico, que tem por titulo Pedagogia
da Brincadeira: A arte de Brincar na Educação Infantil tem como objetivos: Conhecer
como os professores que atuam nas Educação Infantil compreendem o lúdico no
processo educativo, particularizando as brincadeiras nas práticas pedagógicas
destes e específicos:
Analisar
a importância do lúdico para dinamizar as aulas
Dialogar
com autores sobre o lúdico em especial as brincadeiras na escola.
Analisar qual é a compreensão que os professores da educação Infantil
de Caldeirão Grande têm sobre o lúdico.
Sabe-se que o brincar é
altamente rico e prazeroso. Seja na rua, em casa ou na escola. Quando o brincar
está vinculado à vivência das pessoas atua como ponte facilitadora na apreensão
de saberes práticos da vida em sociedade, além de conduzir a um mundo alegre, agradável
e prazeroso. Segundo Maluf (2003, p.21), “toda criança que brinca vive uma
infância feliz, além de tornar-se um adulto muito mais equilibrado”.
Ao investigar o lúdico, em
particular as brincadeiras no contexto escolar, elegeu-se como objetivos: Identificar
nas atividades lúdicas, a importância das brincadeiras dentro da escola para os
professores de Caldeirão grande e analisar qual é a compreensão que os
professores de Caldeirão Grande têm sobre o lúdico e como a ludicidade pode
contribuir para uma aprendizagem significativa nas séries iniciais.
1.1
O lúdico e a escola
A escola, instância
primeira de educação sistematizada, cumpre o dever de repassar conteúdos e
cumprir sua grade curricular, em muitos espaços ou contextos escolares,
tornando os alunos meros reprodutores de políticas que visam alienar, cansar o
individuo, desprezando suas potencialidades, tornando a escola um espaço
técnico e mecanicista.
Há que se repensar um
novo tempo em que intelecto e espírito, razão e emoção se integram como
parâmetro na busca de um novo paradigma para a existência humana,
reconsolidando as potencialidades pessoais, as exigências das relações sociais.
A ludicidade, entendida como mecanismo da subjetividade, afetividade, dos
valores e sentimentos, portanto, da emoção, deverá estar junto na ação humana,
tanto quanto a razão (SANTOS, 2001.p.112).
Quando a criança chega à escola
não pode ser vista como os defensores da pedagogia diretiva, que concebem o
individuo como “tabula rasa”, um ser que será moldado conforme o currículo
pronto. Elas têm em sua essência sua história de vida e infância, e dentro
desta a forte presença do lúdico.
Para Negrine (1994, p.20),
em estudos realizados sobre a aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma
que “Quando a criança chega a escola traz consigo toda uma pré-história, constituída
a partir de suas vivências, grande parte delas através das atividades lúdicas”.
Então porque a escola tem desprezado o lúdico se o lúdico está presente nas
vivências dos alunos, por que a escola faz recortes nas grades curriculares e o
lúdico não aparece nos planos de aulas dos professores? A resposta está na
concepção de que a brincadeira é oposta ao trabalho, sendo assim menos
importante.
Essa forma de conceber o
lúdico e que acaba por diminuir os espaços e tempos para o brincar nas escolas
e as aulas conteudistas recheadas de informações vão ganhando espaço.
A função da pedagogia
dos conteúdos é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas a
partir das condições existentes. Assim, a condição para que a escola sirva aos
interesses populares são garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação
dos conteúdos escolares que também tenham ressonância na vida dos
alunos.(LIBANEO,1996.p.39).
A verdade é que a escola
enfrenta dificuldades. Evasão, repetência, indisciplina, isso não seria uma
denúncia de que a escola precisa inovar? Por que a rua, a televisão, tem sido
mais atrativa de que estar na escola? A inclusão das brincadeiras na escola
seria uma alternativa saudável e gratuita.
Para Santos (Apud. MALUF, 2003.p.31):
Brincar é comunicação e expressão, associando
pensamento e ação; um ato instintivo voluntário;uma atividade
exploratória;ajuda as crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional
e social;um meio de aprender a viver e não um mero passatempo.
Estudos atuais mostram que
o lúdico permite o desenvolvimento intelectual, à medida que provoca
construções e reconstruções no mundo cognitivo de papéis sociais e a liberdade
de expressar o pensamento. Numa brincadeira, por exemplo, a criança deixa
transparecer seu estado emocional, psicológico e cognitivo.
1.4
Brincadeira na escola
O lúdico por vezes é visto
a priori
como “pedra de entrave” por muitos educadores, que não compreendem a essência, a
natureza da ludicidade, e por e o concebem como perda de tempo.
A sociedade capitalista
tenta nos convencer de que tempo é dinheiro e de que não podemos perder tempo
com coisas fúteis, inúteis e vãs. E o lúdico não está à deriva nesta
perspectiva. Assim, a escola vai reproduzindo momentos históricos na educação e
tornando a aprendizagem e o ensino mecânico e tecnicista. E assim a escola vai
perdendo sua essência.
Antunes (2001, p.17) diz
que:
A aprendizagem
mecânica não conduz à construção do conhecimento e, por tanto, sua exposição
arbitrária por parte do professor jamais permitirá que o aluno possa utilizar
seus ensinamentos como instrumentos de conhecer, fazer, viver e principalmente
ser.
Sabe-se que o ato de brincar não é uma
atividade exclusivamente infantil. Os adultos também brincam. O futebol, o
xadrez, o dominó, o baralho, o vídeo-game, etc. Muitas brincadeiras vão
desaparecendo com o avançar da idade, mas o prazer é o mesmo, embora os espaços
venham mudando.
Por João Matos
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