domingo, dezembro 06, 2015

ARTIGO BRINCAR NA ESCOLA

O universo lúdico está incorporado à vida de todo ser humano. Afinal todo mundo gosta de brincar e de brincadeiras. Na esteira de debates em seminários, conferências e nas universidades, o lúdico vem ganhando relevo e importância como estratégia metodológica para construção do conhecimento, porém dentro do âmbito escolar, vai ganhando contornos diferentes.
 A motivação em pesquisar o tema recai, em parte, sobre o ensino mecânico e tecnicista presente no fazer pedagógico de muitos professores, que oferecem aos seus alunos apenas conteúdos e o brincar se restringe somente ao intervalo ou usado como atividade para relaxar e por vezes, como jogo didático conteudista. O lúdico é muito mais que isso. Para Santos (1999, p.111), “brincar é viver”. 
Face a problemática, este trabalho monográfico, que tem por titulo Pedagogia da Brincadeira: A arte de Brincar na Educação Infantil tem como objetivos: Conhecer como os professores que atuam nas Educação Infantil compreendem o lúdico no processo educativo, particularizando as brincadeiras nas práticas pedagógicas destes e específicos:
Analisar a importância do lúdico para dinamizar as aulas
Dialogar com autores sobre o lúdico em especial as brincadeiras na escola.
Analisar qual é a compreensão que os professores da educação Infantil de  Caldeirão Grande têm sobre o lúdico.
Sabe-se que o brincar é altamente rico e prazeroso. Seja na rua, em casa ou na escola. Quando o brincar está vinculado à vivência das pessoas atua como ponte facilitadora na apreensão de saberes práticos da vida em sociedade, além de conduzir a um mundo alegre, agradável e prazeroso. Segundo Maluf (2003, p.21), “toda criança que brinca vive uma infância feliz, além de tornar-se um adulto muito mais equilibrado”. 
Ao investigar o lúdico, em particular as brincadeiras no contexto escolar, elegeu-se como objetivos: Identificar nas atividades lúdicas, a importância das brincadeiras dentro da escola para os professores de Caldeirão grande e analisar qual é a compreensão que os professores de Caldeirão Grande têm sobre o lúdico e como a ludicidade pode contribuir para uma aprendizagem significativa nas séries iniciais. 

1.1 O lúdico e a escola

A escola, instância primeira de educação sistematizada, cumpre o dever de repassar conteúdos e cumprir sua grade curricular, em muitos espaços ou contextos escolares, tornando os alunos meros reprodutores de políticas que visam alienar, cansar o individuo, desprezando suas potencialidades, tornando a escola um espaço técnico e mecanicista.

Há que se repensar um novo tempo em que intelecto e espírito, razão e emoção se integram como parâmetro na busca de um novo paradigma para a existência humana, reconsolidando as potencialidades pessoais, as exigências das relações sociais. A ludicidade, entendida como mecanismo da subjetividade, afetividade, dos valores e sentimentos, portanto, da emoção, deverá estar junto na ação humana, tanto quanto a razão (SANTOS, 2001.p.112).


Quando a criança chega à escola não pode ser vista como os defensores da pedagogia diretiva, que concebem o individuo como “tabula rasa”, um ser que será moldado conforme o currículo pronto. Elas têm em sua essência sua história de vida e infância, e dentro desta  a forte presença do lúdico. 
Para Negrine (1994, p.20), em estudos realizados sobre a aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que “Quando a criança chega a escola traz consigo toda uma pré-história, constituída a partir de suas vivências, grande parte delas através das atividades lúdicas”. Então porque a escola tem desprezado o lúdico se o lúdico está presente nas vivências dos alunos, por que a escola faz recortes nas grades curriculares e o lúdico não aparece nos planos de aulas dos professores? A resposta está na concepção de que a brincadeira é oposta ao trabalho, sendo assim menos importante. 
Essa forma de conceber o lúdico e que acaba por diminuir os espaços e tempos para o brincar nas escolas e as aulas conteudistas recheadas de informações vão ganhando espaço.

A função da pedagogia dos conteúdos é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas a partir das condições existentes. Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares são garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares que também tenham ressonância na vida dos alunos.(LIBANEO,1996.p.39).


A verdade é que a escola enfrenta dificuldades. Evasão, repetência, indisciplina, isso não seria uma denúncia de que a escola precisa inovar? Por que a rua, a televisão, tem sido mais atrativa de que estar na escola? A inclusão das brincadeiras na escola seria uma alternativa saudável e gratuita. 
Para Santos (Apud. MALUF, 2003.p.31):

 Brincar é comunicação e expressão, associando pensamento e ação; um ato instintivo voluntário;uma atividade exploratória;ajuda as crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social;um meio de aprender a viver e não um mero passatempo.

Estudos atuais mostram que o lúdico permite o desenvolvimento intelectual, à medida que provoca construções e reconstruções no mundo cognitivo de papéis sociais e a liberdade de expressar o pensamento. Numa brincadeira, por exemplo, a criança deixa transparecer seu estado emocional, psicológico e cognitivo.

1.4 Brincadeira na escola

O lúdico por vezes é visto a priori como “pedra de entrave” por muitos educadores, que não compreendem a essência, a natureza da ludicidade, e por e o concebem como perda de tempo.

A sociedade capitalista tenta nos convencer de que tempo é dinheiro e de que não podemos perder tempo com coisas fúteis, inúteis e vãs. E o lúdico não está à deriva nesta perspectiva. Assim, a escola vai reproduzindo momentos históricos na educação e tornando a aprendizagem e o ensino mecânico e tecnicista. E assim a escola vai perdendo sua essência. 
Antunes (2001, p.17) diz que:

A aprendizagem mecânica não conduz à construção do conhecimento e, por tanto, sua exposição arbitrária por parte do professor jamais permitirá que o aluno possa utilizar seus ensinamentos como instrumentos de conhecer, fazer, viver e principalmente ser.


 Sabe-se que o ato de brincar não é uma atividade exclusivamente infantil. Os adultos também brincam. O futebol, o xadrez, o dominó, o baralho, o vídeo-game, etc. Muitas brincadeiras vão desaparecendo com o avançar da idade, mas o prazer é o mesmo, embora os espaços venham mudando.
Por João Matos 

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