RIO - Não raro nutricionistas divergem sobre o tipo ideal de dieta, mas uma questão parece ser unânime: refrigerantes não devem ser incluídos na alimentação, muito menos na das crianças. Sob essa premissa, profissionais da área elogiaram o apoio de três gigantes do setor, a Coca-Cola Brasil, a Ambev e a PepsiCo Brasil, que fizeram um acordo para não vender refrigerantes às escolas que tenham, como maioria de seus alunos, crianças de até 12 anos, como antecipou a coluna de Ancelmo Gois na edição de ontem do GLOBO.
Diversas escolas cariocas, como Mopi, Escola Nova, Andrews, Teresiano, Santo Agostinho e Escola Parque, entre outras já aboliram o item de suas cantinas. Desde 2002, é proibido nas escolas da rede municipal a venda, distribuição e confecção de alimentos ricos em colesterol, sódio e corantes artificiais, entre os quais todo tipo de refrigerante. E no interior do estado, mais de 30 mil crianças substituíram industrializados por verduras, legumes e frutas no projeto Alimentação Escolar Saudável, que premiou colégios públicos de Três Rios, Paraíba do Sul, Itaperuna, Pinheiral e Trajano de Moraes pela iniciativa.
"O problema de as pessoas engordarem e se tornarem obesas não está no estômago e na boca, mas na mente. É nossa caixa de comando", diz a psicoterapeuta Rachel HandleyRachel Handley, psicoterapeuta: ‘Aprendemos a alimentar as emoções com comida’
— Esta nova medida ajuda a conscientizar os pais de que, se há menos na escola, deve ter menos em casa. Esses produtos contêm uma série de conservantes e corantes e têm malefícios comprovados para adultos e crianças — explica a professora de nutrição clínica da Uerj e pesquisadora do Instituto Nacional de Cardiologia, Annie Bello. — Existem crianças que passam a metade do dia na escola, então esses produtos são consumidos em grande quantidade, no horário da merenda ou do almoço.
A partir de agosto, as empresas irão fornecer para essas escolas água mineral, suco com 100% de fruta, água de coco e bebidas lácteas “que atendam a critérios nutricionais específicos”. Para cantinas que não compram os produtos diretamente das empresas ou com distribuidores autorizados, as empresas vão promover “uma ação de sensibilização”. Só a Coca-Cola Brasil vende diretamente para 2% das 200 mil escolas do país.
— Conversamos para ver como contribuir para o tema da obesidade infantil, que tem crescido — afirma Claudia Lorenzo, vice-presidente de Relações Corporativas da Coca-Cola Brasil.
Uma das chefes do Serviço de Nutrição das enfermarias da Santa Casa do Rio, Bia Rique defende a veiculação de campanhas de conscientização direcionadas aos pais.
— Estudos mostram que as bebidas açucaradas contribuem para o aumento da obesidade infantil.
VILÕES DA ALIMENTAÇÃO
No Colégio Mopi, na Tijuca, as nutricionistas criam sucos para que os alunos consumam livremente na unidade. E a ingestão de refrigerantes não costuma ser incentivada.
PUBLICIDADE
— O refrigerante é um dos grandes vilões da alimentação por conta do excesso de açúcar. A bebida aumenta glicose, o ácido corrói o esmalte do dente, pode ocasionar gastrite. Não há um fator nutricional em um refrigerante, então não tem motivo para expor a criança a esse produto — afirma a nutricionista do colégio, Cíntia Ferreira.
A ênfase nos hábitos saudáveis promovida pela escola se reflete nos alunos. Maria Eduarda Azevedo, de 10 anos, tem o discurso na ponta da língua:
— Refrigerante tem corante que faz mal e pode trazer doenças. Prefiro sucos e chás gelados.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/nutricionistas-apoiam-veto-venda-de-refrigerantes-nas-escolas-19564058#ixzz4CPUU0US7
© 1996 - 2016. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.
Nenhum comentário:
Postar um comentário