domingo, novembro 22, 2015

AOS IRMÃOS NORDESTINOS- SAUDADES DE LÁ




De porta em porta
A pé enxutos
Eu vejo sonhos se dissiparem
É dura a realidade 
de uma desigualdade
Que não quer calar
Homem não chora,
Mas não dá pra suportar.
Onde o sol nasce primeiro
É meu corpo coberto pela poeira
Refletindo minha imagem no espelho de um lago
Aqui e acolá.
A ressequida caatinga
Expulsando seus filhos,
Aflitos, fugindo da fome.
A cidade grande, agora espera,
Aquele que tanto sofreu na vida,
E traz na mala a saudade,
Dos que lá ficam.
Entre abismos e pontes
A vida agora apavora,
Sinto o gelo da solidão,
Vem-me então, a saudade de casa.
A vida passa num instante
Ante aos meus olhos
E mais uma lágrima a rolar
A saudade parece que vai acabar com a gente
Mas é hora de recomeçar...
A solidão em meio a muitos
O pensamento viaja até lá.
Estamos em meio a uma colméia
Onde cada picada fere uma vida
E a vida meu Deus
É erguer as mãos aos céus
E esperar que a chuva venha
E que essa enxurrada que a muitos desabriga
Chegue até o sertão.
E assim é a minha vida, Senhor.
Há quem cuide de mim além de ti?
Homens estão no controle, armados.
Não sei aonde ir, nem o que fazer...
Então eu choro calando...
Olhando a foto junto ao peito
Dos que atrás ficaram
Vem a vontade de voltar
Mão no bolso revela o medo
Eu vou esperar um novo amanhecer
Enquanto o Brasil dorme em berço esplêndido.
JOÃO MATTOS

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