O secretário da Educação de São Paulo, Herman Voorwald, afirmou à rádio CBN na quarta-feira (25) que se envergonha do ensino do estado de São Paulo e do país. As afirmações foram dadas em entrevista sobre a ocupação das escolas no estado dentro do processo de reestruturação que prevê o fechamento de 92 unidades.
ESCOLAS OCUPADAS
“A minha única preocupação é que esses jovens tenham melhor educação. Tenho vergonha, enquanto secretário de estado da Educação, dos resultados que o estado de São Paulo, que este país apresenta. Não é possível que a sociedade se conforme com isso”, disse (ouça a entrevista completa).
A afirmação foi dada em um contexto de medidas que estão sendo adotadas em busca de uma melhora da educação no estado. O secretário afirmou que a reestruturação faz parte desse processo, já que pretende concentrar os alunos em escolas de ciclo único, evitando juntar alunos de diferentes faixas etárias em uma mesma unidade.
O secretário citou como exemplo dos maus resultados do estado de São Paulo a nota de 1,93 obtida pelo Ensino Médio do estado no Idesp, o Índice de Desenvolvimento da Educação, em uma escala de 0 a 10.O secretário também afirmou que o processo faz parte de uma reestruturação realizada na secretaria desde 2011, com o enxugamento da máquina pública e descentralização de ações para as diretorias de ensino.Eu tenho vergonha, enquanto secretário de Estado da Educação, dos resultados que o Estado de São Paulo apresenta"Herman Voorwald
O secretário reconheceu que houve “deficiências” na comunicação sobre a reestruturação das escolas e que isso impactou na ocupação das unidades. “Eu entendo que às vezes as questões, elas não chegam da forma como deveriam chegar, porque ou elas são contaminadas por uma fala que deseja contaminar ou pela incompetência mesmo de nós nos comunicarmos com os pais e com os alunos de formas apropriadas”, disse.
Bônus
O valor do bônus que o governo de São Paulo vai deixar de pagar a funcionários e professores de escolas ocupadas é R$ 30 milhões, informou o SPTV na quarta-feira (25). O pagamento deixará de ser feito porque o Saresp, exame para avaliar o nível de aprendizado na rede, não foi realizado em 174 das 5.147 escolas estaduais. (veja o mapa das escolas ocupadas)
MUDANÇA NO ENSINO
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta terça que vai conversar com os desembargadores. "Não pode proibir os demais alunos que querem estudar de estudar. Nós vamos conversar com os desembargadores para poder tentar resolver."
Alckmin disse ter recebido a decisão do TJ como um indicativo de que a conversa entre Secretaria de Educação, alunos e professores seja a melhor maneira de resolver a situação.
"Nós entendemos que a decisão foi: 'olha, dialoguem'. É o que nós estamos fazendo. Agora, não pode - e aí nós vamos pedir autorização à Justiça - não pode impedir quem quer estudar. Você tem uma escola com 800 alunos, 10 alunos vão lá e trancam a escola. E um professor às vezes e até MTST, pessoas que não têm nada a ver com a escola", afirmou o governador.
Reestruturação e ocupações
A Secretaria de Estado da Educação anunciou no dia 23 de setembro uma nova organização da rede estadual de ensino paulista. O objetivo é separar as escolas para que cada unidade passe a oferecer aulas de apenas um dos ciclos da educação (ensino fundamental 1, ensino fundamental 2 ou ensino médio) a partir do ano que vem.
A proposta gerou protestos de estudantes e pais porque prevê o fechamento de 93 escolas, que serão disponibilizadas para outras funções na área de educação. Além disso, pais reclamam da transferência dos filhos para outras unidades de ensino.
Estudantes começaram a ocupar escolas no início do mês em protesto contra a reestruturação. A primeira a ser ocupada, em 9 de novembro, foi a Escola Estadual Diadema, no ABC. A ocupação que mais chamou a atenção foi da escola Fernão Dias, em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.
Um grande número de policiais militares foi deslocado para a escola e a Avenida Pedroso de Morais foi bloqueada no quarteirão onde fica o colégio. Houve tumultos, e um sindicalista chegou a ser detido. A Justiça chegou a conceder a reintegração de posse tanto da Fernão Dias quanto da Diadema, mas a decisão foi derrubada.
Fonte:http://g1.globo.com/
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