O Ministério Público Federal e a Polícia Federal encontraram transferências de US$ 7,5 milhões (R$ 30 milhões, em valores desta segunda) de investigados da Operação Lava Jato para a conta da offshore Shellbill Finance S.A., controlada pelo marqueteiro João Santana e pela mulher e sócia dele, Mônica Moura. A offshore, baseada no Panamá, não foi declarada às autoridades brasileiras.
Deste montante, US$ 3 milhões foram pagos ao marqueteiro por meio das contas das offshores Klienfeld e Innovation Services, que são atribuídas pelos investigadores à Odebrecht, entre 13 de abril de 2012 e 08 de março de 2013. Para a Procuradoria, "pesam indicativos de que consiste em propina oriunda da Petrobras transferida aos publicitários em benefício do PT".
O publicitário e a empreiteira são alvos da 23ª fase da Operação Lava Jato, iniciada na manhã desta segunda-feira (22). Santana foi responsável pelas campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014).
No último dia 12, a Folha revelou que a Lava Jato investiga indícios de pagamentos da Odebrecht ao marqueteiro das campanhas presidenciais em contas no exterior.
A Klienfeld e a Innovation Services foram escalas de dinheiro pago por subsidiárias da Odebrecht no exterior a contas secretas dos ex-dirigentes da Petrobras Renato Duque, Jorge Zelada, Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró –de acordo com documentos bancários enviados pelas autoridades da Suíça e de Mônaco e extratos entregues por delatores, como Costa, ex-diretor da área internacional, e o ex-gerente Pedro Barusco.
Klienfeld e Innovation Services receberam, pelo menos, US$ 120 milhões de contas secretas de outras três empresas baseadas em paraísos fiscais entre, entre 2008 e 2010. Estas contas que abasteceram a Klienfeld e a Innovation tinham como controladores os executivos da Odebrecht Hilberto Mascarenhas Alves Silva Filho e Luiz Eduardo Rocha Soares. A PF também investiga outro executivo da empresa, Fernando Migliaccio da Silva, por ligação com estes pagamentos.
Segundo a Procuradoria, Luiz Eduardo Rocha Soares e Fernando Migliaccio deixaram o Brasil, logo após a deflagração da fase Erga Omnes, que levou Marcelo Odebrecht e a cúpula do conglomerado para a prisão em junho de 2015.
Os investigadores da Lava Jato também encontraram outra série de transferências, realizadas entre 25 de setembro de 2013 e 4 de novembro de 2014. Foram nove repasses que totalizaram US$ 4,5 milhões feitos por Zwi Skornicki, apontado como operador do estaleiro Kepel Fels, à Shellbill de Santana e Mônica, segundo a Procuradoria. Skornicki também teve a prisão decretada pelo juiz Sergio Moro.
A empreiteira confirmou que seus escritórios de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia foram alvo de busca e apreensão da Polícia Federal. Indagada sobre pagamentos feitos à offshore de João Santana, a Odebrecht ainda não se manifestou.
Em ocasiões anteriores, quando a Klienfeld e a Innovation Services vieram à tona na investigação de pagamentos de propina a diretores da Petrobras, a Odebrecht negou reiteradas vezes ter o controle destas offshores.
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário